22 de julho de 2009

Julio Lipan, O CONSTRUTOR DE MILAGRES

Faço questão de apresentar nesse blog um cara genial. Vejam bem, que não estou de brincadeira: alguns sujeitos são bons de palco, outros ótimos camaradas e outros poucos exímios na concepção de soluções criativas em sua arte. Julio Lipan consegue equacionar isso tudo, pontuando sua representatividade no meio mágico com apenas uma palavra: insubstituível.

Argentino, Lipan inspirou seu nome de uma antiga série de TV. O “Tulipán” era uma espécie de Zorro interpretado por Alain Delon que tomou conta do imaginário do mágico. Queria ser herói, fazer o impossível, realizar milagres. Virou ilusionista e colaborou com sua arte de diversas formas. Do palco aos bastidores, da criação de Mega efeitos ao ensinamento de uma nova mágica com cartas em um papo de boteco: eis o verdadeiro mestre. Julio Lipan, além de tudo, é filho de uma família de artistas. Nasceu pra coisa e vive dela.

Nos anos 50 Lipan foi interno da Escola Dom Bosco, da Ordem dos Salesianos em Buenos Aires. Ali, durante três anos, o pequeno Julio viu os padrecos fazendo mágicas: essa era uma forma de lembrar São João Bosco, patrono dos mágicos, e a grande diversão da molecada era colocar à prova os poderes ilusionísticos dos professores de batina.

Daí pra frente, a mágica não se descolou mais da trajetória de Lipan. Estudou artes, chegou a cursar a faculdade de arquitetura, animou todo tipo de evento. Até que, em 1979, protagonizou com o colega Juan Tamariz o primeiro programa de televisão colorido da Argentina, o “Abracadabra Show”. Sucesso.

O passo seguinte foi uma carreira de mais de uma década no famoso circo de Orlando Orfei. Lipan fez muita mágica, conheceu lugares, encantou os cantos mais inusitados com seu show superproduzido. Anos 90. Na cidade de Rio Claro, durante a temporada do circo, a paixão fez o mágico fincar o pé. Resolveu ficar no Brasil. Fez TV, fez fama por aqui também. Ok, tudo-bem-tá-tudo-certo. Mas o que faltava? Construir milagres. Lipan ergueu sua oficina e daí pra frente a mágica ganhou, e muito. Um dos seus produtos mais vendidos, a “Portable Asrah”, ficou entre os 10 mais vendidos no mundo pela revista Steven Magic Emporium. O mestre da manipulação Jeff McBride considera a invenção uma das melhores de todos os tempos.

Julio Lipan, além de exercer influência sobre mágicos amadores e profissionais de todo o mundo, também inaugurou um clã mágico. Seu filho Sebastian por anos usou o nome “Lipan Jr.”. Hoje é só Lipan, como o pai, e brilha com suas ilusões regadas a Heavy Metal nos palcos europeus.

Natali, sua filha, além de ser partner do pai mágico em apresentações por todo o mudo, também pretende ter seu próprio show, e William trabalha com Close-up Magic.

Lembro de um evento onde trabalhei sob a supervisão de Lipan. No calor da Bahia, o trabalho do mestre era criar uma atmosfera onde os convidados deveriam ter a sensação de estarem pisando em nuvens antes de verem um carro aparecer no palco. Impossível? Quase.

O incansável Lipan trabalhava muito, sem ligar muito para o calor, para o cansaço, para o desgaste. Depois de dez dias de montagem, a estréia. O Júlio gritava, em um portunhol empolgante: “Atención, atención!” No final do espetáculo, a sensação de vitória. O carro apareceu e os espectadores, todos, pisaram em um céu de algodão. Como recompensa, Julio propôs: “Hoy las cerbejas son por mi conta. E los picolés también!” Fomos, toda a equipe. E conheci o verdadeiro Lipan no primeiro gole da cerveja gelada. Mágico!

Ismael de Araujo

3 comentários:

Nátali Lipan disse...

Obrigada pela lembrança! Deus abençoe sua vida, por perpetuar assim o nome do meu Pai!

Unknown disse...

Magico Julio Lipan, o conheci mas conheci seu filho atravez do programa da eliana, quando vi ele apresentar a magica me apaixonei e até hoje tento ser 1/³ do que foi Julio Lipan... adoraria saber mais sobre a vida e obra do mestre!

Unknown disse...

Adorei o limpam pai ele era formidável tive o previlegiu de conhecer ele pessoalmente e tenho fitas VHS dele encinando como fazer os aparelhos de magicas