Já faz mais de dois meses que me tranco todo dia entre quatro paredes – na companhia do meu filhote mágico de oito meses, que já dá sólidas opiniões em forma de gugudadás – para escrever a dramaturgia do espetáculo teatral-grande-ilusionístico “O Mentiroso”, próxima empreitada de Ismael de Araujo. A correria com o texto se explica. O espetáculo já tem data e hora marcadas – outubro e novembro de 2009, aos sábados e domingos, no Teatro Coletivo, antigo Fábrica, que fica na avenida da Consolação, no coração de São Paulo.
Para dirigir a idéia toda, que trará três atos de pura poesia hardcore, humor (bem) negro e obsessões psico-fúnebres ilustradas por mágicas absurdas de todos os tamanhos, Ismael de Araujo convidou Matteo Bonfitto, professor do curso de artes cênicas da Unicamp e uma das poucas criaturas no mundo com calibre e maluquice suficientes para encarar a façanha. Sim, porque colocar em cena uma peça teatral em que os objetos levitam, as personagens se transformam umas nas outras com a luz acesa, seres estranhos aparecem do nada no meio do palco e a atriz principal é perfurada na frente do público por uma lança afiada não é pra qualquer um. A moça que se propõe ao ato de coragem, aliás, é Fernanda Bellinati, uma jovem atriz que topou a brincadeira porque também tem lá seu pezinho na mágica – parece que o avô paterno, se não me engano, era do ramo. E lá vamos nós.
O meu desafio agora, então, é escrever a cena em que nossa co-protagonista é empalada em pleno palco pelo parceiro – o próprio Ismael. E ok, ok, posso inventar mil motivos para a matança, mas ainda assim fico pensando que o teatro vai ter que arcar com as conseqüências daquilo que o texto não tem como amenizar: uma saída de emergência bem próxima para os espectadores que não tiverem estômago para assistir, ao vivo e a cores, à perfuração trágica de uma menina inocente. Churrasquinho de gata, donzela no espeto... Chamem do que quiserem. Mas que “O Mentiroso” promete abalar a certeza tranqüila que o pessoal tem de que empalação é coisa que morreu na Idade Média, promete. Aliás, essa e muitas outras certezas. Parafraseando (ou nem tanto) a saudosa (ou nem tanto) Joana Prado, não é feitiçaria, meus amigos, é ILUSIONISMO!
Bianca Zanatta é colaboradora deste blog e dramaturga 24 horas do próximo furacão de ilusionismo que vai invadir São Paulo – “O Mentiroso”, com temporada confirmada para outubro e novembro no Teatro Coletivo. Anotem na agenda, guaxinins – vai ser imperdível!
Para dirigir a idéia toda, que trará três atos de pura poesia hardcore, humor (bem) negro e obsessões psico-fúnebres ilustradas por mágicas absurdas de todos os tamanhos, Ismael de Araujo convidou Matteo Bonfitto, professor do curso de artes cênicas da Unicamp e uma das poucas criaturas no mundo com calibre e maluquice suficientes para encarar a façanha. Sim, porque colocar em cena uma peça teatral em que os objetos levitam, as personagens se transformam umas nas outras com a luz acesa, seres estranhos aparecem do nada no meio do palco e a atriz principal é perfurada na frente do público por uma lança afiada não é pra qualquer um. A moça que se propõe ao ato de coragem, aliás, é Fernanda Bellinati, uma jovem atriz que topou a brincadeira porque também tem lá seu pezinho na mágica – parece que o avô paterno, se não me engano, era do ramo. E lá vamos nós.
O meu desafio agora, então, é escrever a cena em que nossa co-protagonista é empalada em pleno palco pelo parceiro – o próprio Ismael. E ok, ok, posso inventar mil motivos para a matança, mas ainda assim fico pensando que o teatro vai ter que arcar com as conseqüências daquilo que o texto não tem como amenizar: uma saída de emergência bem próxima para os espectadores que não tiverem estômago para assistir, ao vivo e a cores, à perfuração trágica de uma menina inocente. Churrasquinho de gata, donzela no espeto... Chamem do que quiserem. Mas que “O Mentiroso” promete abalar a certeza tranqüila que o pessoal tem de que empalação é coisa que morreu na Idade Média, promete. Aliás, essa e muitas outras certezas. Parafraseando (ou nem tanto) a saudosa (ou nem tanto) Joana Prado, não é feitiçaria, meus amigos, é ILUSIONISMO!
David Copperfield empalado em show clássico da década de 80 e a atriz Fernanda Bellinati em releitura teatral do mesmo efeito para o espetáculo “O Mentiroso”.
2 comentários:
vai dar o que falar!! o tema cala profundo no ser humano, incomoda-o. Aí, mistura tudo com mágica...... essa quero ver!!
Cara, o processo está sendo transformador, a dramaturgia da Bianca tá cortante, obsessiva, ressonante! E as ilusões... nos vemos no teatro, man! Vc vai ver um teatro-ilusionista inédito, com uma bela direção!
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